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Conheça a trajetória do diretor de cinema e penhense Dicezar Leandro premiado no exterior

Recentemente ele trabalhou na produção do filme catarinense “Virtuosas”, vencedor do prêmio “Goes to Cannes” no Marche du Film 2025, na França.

02/06/2025 às 13h25
Por: Carneiro News Fonte: NSC
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Dicezar no set do filme “Natureza”, de Rodrigo Ribeyro (Foto: Daniel Drumond, Divulgação)
Dicezar no set do filme “Natureza”, de Rodrigo Ribeyro (Foto: Daniel Drumond, Divulgação)

02.06 - Do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Regional de Blumenau (Furb) ao cargo de diretor de arte em São Paulo com mais de dez prêmios ao longo da carreira no cinema. Essa é a trajetória de Dicezar Leandro, coordenador e professor na Academia Internacional de Cinema (AIC), que recentemente trabalhou na produção do filme catarinense “Virtuosas”, vencedor do prêmio “Goes to Cannes” no Marche du Film 2025, na França.

“O meu desejo sempre foi fazer Cinema. Na época em que entrei na faculdade, eu entrei em Publicidade e Propaganda porque não tinha. O curso de Cinema surgiu em 1999 na Unisul, o primeiro do Estado, e o cinema tinha sido recém abolido pelo Collor” relembra Dicezar.

Catarinense nascido em Joinville e criado em Penha, ele também é egresso da Furb. Em 1990, o presidente na época, Fernando Collor de Melo, extinguiu a Embrafilme e, por isso, a produção cinematográfica no país sofreu uma crise e só foi retomada cinco anos depois. Isso aconteceu justamente quando Dicezar precisava escolher uma carreira. Por isso, cursou Publicidade e Propaganda e conseguiu um primeiro emprego em uma agência.

Ao se formar, tornou-se freelancer como designer gráfico, foi em busca de um mestrado e concluiu especialização na UFSC em Florianópolis e se mudou para o exterior anos depois. Em Londres, trabalhou em tendas de festivais famosos como Glastonbury e Secret Garden, ajudando na montagem da cenografia. Após viajar pelo mundo e com uma nova bagagem de conhecimento, ao voltar para São Paulo, Dicezar se deparou com o cinema nacional em ascensão e percebeu que era o momento de investir no antigo sonho.

“Eu me encontrei mesmo dentro da dramaturgia e fui me especializar em cinema. Quando eu decidi isso, eu comecei a estudar” conta.

Hoje, além de ser professor de direção de arte, ele já assinou a direção artística de mais de 30 curtas, mais de 10 longas-metragens, mais de 10 séries… Por isso, brinca que até esquece a contagem de trabalhos em que participou. Dicezar recebeu 12 prêmios de melhor direção de arte com obras premiadas e reconhecidas internacionalmente. Um dos exemplos é o longa-metragem “A Felicidade das Coisas”, de Thais Fujinaga, que estreou no Festival de Rotterdam, na Holanda, em 2021. Com ele, Dicezar recebeu o prêmio BRADA de melhor direção de arte na Mostra Internacional Coisa de Cinema.

“O cinema nacional passou por uma crise muito difícil nos últimos anos e tem um momento de reestruturação novamente. O que a gente já mostrou para o mundo é que o Brasil tem vocação para produção audiovisual. A gente tem muitos profissionais que têm talento e a gente experimentou a democratização desses recursos antes de 2018, o que colocou em cena uma série de direções com outras vozes, que eram periféricas e excluídas dessa possibilidade de acesso. Então, a gente só está precisando que as políticas públicas melhorem, porque, em relação à realização dos filmes, a gente garante essa parte”, conclui o diretor de arte.

“A direção de arte é a força criativa por trás de tudo o que aparece em cena. Ela constrói o conceito visual do filme em diálogo com a direção e a fotografia, definindo a estética que guia a narrativa visual. É por meio da cenografia, figurinos, objetos cênicos, caracterização (maquiagem e cabelo) e efeitos práticos que a direção de arte transforma ideias em imagem e ajuda a contar a história com potência e coesão”, elabora Dicezar.

Ele elaborou uma metodologia única para atuar como diretor de arte, um trabalho estratégico e impactante que garante a conexão entre imagem e texto, articulando também a simbologia visual com a narrativa. A peça central está em entender a história de uma produção como partida para o processo criativo, buscando contar o que está muito além do literal.

“Quando eu faço uma abordagem estética, estou me debruçando sobre a memória do mundo e entendendo quais são os precursores e precursoras que criam sinapses e possibilitam que eu faça uma abordagem nova utilizando essa memória como referência para ressignificar dentro de um novo ponto de vista”, resume.

A atmosfera visual que sustenta o drama de “Virtuosas” e prende a audiência com o terror psicológico é uma marca deixada por Dicezar, que foi o diretor de arte do longa-metragem. A obra estreou em Cannes, mas ainda não chegou aos cinemas, por isso, ele explica como contribuiu sem revelar muitos spoilers.

“Nesse processo de fazer o conceito, eu trabalhei uma estética da idealização de um pensamento. Então, como eu estou trabalhando com essas mulheres cristãs que saem num retiro espiritual de luxo, quais são os valores que elas colocam como ideal de vida? Como essa questão da virtuosidade, dessa busca pela perfeição enquanto modelo moral e referência de modelo moral, ela se traduz nas roupas e no ambiente? É tudo baseado nos valores desse universo de personagens que a imagem ganha vida” elabora.

Virtuosas

“Virtuosas”, gravado em Florianópolis em 2024, é um longa-metragem dirigido por Cíntia Domit Bittar. A produção é pela Novelo Filmes e feita por Ana Paula Mendes. A atriz Bruna Linzmeyer faz parte do elenco e promete uma performance complexa e enervante. Outros atores são Maria Galant, Juliana Lourenção, Sarah Motta, Brisa Marques, Fernando Bispo, Nenê Borges e Gabriel Godoy. A previsão é que chegue nas salas de cinema ainda este ano.

A narrativa mistura drama, humor ácido e terror psicológico ao acompanhar um grupo de mulheres cristãs que participam de um retiro espiritual em um resort de luxo. Porém, quando a experiência imersiva — que parecia ser sobre fé, feminilidade e autocuidado — toma caminhos absurdos, ficam expostas tensões ligadas à repressão, controle e uma lenda local.

A obra recebeu o prêmio “Goes to Cannes”, do Marché du Film 2025, no Festival de Cannes no dia 19 de maio. O prêmio é um apoio para obras em fase de finalização. O Marche du Film é um dos maiores mercados de filme do mundo, estabelecido em conjunto com o Festival de Cannes, que promove encontros com distribuidores e curadores de todo o mundo.

Além do reconhecimento internacional, o projeto vencedor recebe um aporte de 10 mil euros oferecidos pelo estúdio espanhol Sideral Cinema, especializado na venda e distribuição de filmes independentes internacionais. Além do apoio financeiro e do reconhecimento, o prêmio é uma condecoração de importância e criatividade para “Virtuosas”.

 

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