16.02 - Depois de muito mistério, especulações e reza, a urna funerária esquecida em um bar de Itapema finalmente foi entregue aos familiares do homem cremado. Eles procuraram o estabelecimento ontem (18), após a repercussão do caso na internet.
Segundo Ademilson Quaresma, dono do conhecido Bar do Zico, onde o objeto fúnebre havia sido deixado, o filho do homem que teve os restos mortais depositados na urna foi até o estabelecimento para buscar o objeto por volta das 18h desta quinta. Ele contou que foi o seu irmão que deixou a urna no local, há cerca de um mês.
“Ele me disse que o irmão dele estava transtornado, não aceitava que o pai tinha morrido, por isso, naquele dia, ao passar pelo meu bar, deixou a urna em cima do balcão, sem perceber. Ele me agradeceu muito por ter guardado o objeto, se emocionou e até chorou quando pegou a urna”, conta Quaresma.
Coincidência ou não, a urna com as cinzas foi entregue depois do início da Quaresma, sobrenome de Ademilson.
Cinzas serão levadas a Israel
O filho do falecido revelou ao dono do bar que a urna vai para Israel, onde possivelmente será feito um novo velório, mas ele pediu descrição e não revelou mais detalhes. Quaresma, depois de passar um mês com o objeto nada convencional em seu bar, agora está aliviado.
“Eu fico mais tranquilo, estou contente que a família veio buscar. Eu até já estava meio constrangido porque, afinal, eram as cinzas de uma pessoa que estavam ali. Com a repercussão do caso, toda hora tinha alguém entrando no bar para saber da história, uns com medo, outros não. Então, agora estou contente”, destaca.
Relembre o caso
Um bar de Itapema adotou um amuleto nada convencional: uma urna funerária. O item, esquecido por um cliente, conta com possíveis restos mortais e desde então acabou dando sorte a Ademilson Quaresma, dono do bar que fica na rua 440 do bairro Morretes. O objeto fúnebre, deixado há cerca de um mês, repercutiu nas redes sociais na última semana, atraindo curiosos ao empreendimento.
Quaresma conta que, em meados de janeiro, chegou um homem desconhecido no estabelecimento. O relógio marcava meia-noite e o cliente pediu uma água. Zico, como de costume, entregou a ele e foi atender outros clientes do bar.
Quando voltou para cobrar, o homem tinha simplesmente sumido. O proprietário continuou atendendo normalmente, afinal, o bar estava cheio. Por volta das 3h, quando se organizava para fechar o local, foi limpar o balcão e se deparou com a surpresa.
“Eu enxerguei uma sacola preta e fui abrir para ver o que tinha dentro. Foi então que eu me deparei com aquilo que eu imaginava ser um vaso. Até pensei em colocar uma flor ali dentro ou guardar moedas. Resolvi mostrar para um casal de clientes que estava ainda por aqui. Quando me viu com o vaso na mão, a mulher deu um pulo e disse que se tratava de uma urna funerária, usada para colocar cinzas. Aí eu me assustei”, relembra ele.
A mulher abriu a urna funerária e visualizou que ela estava cheia de restos de cinza e que dentro também tinha um cartão, mas ele não foi aberto. Com o susto, Zico chegou a dormir no estabelecimento nos primeiros dias após o acontecido para vigiar a urna. Sempre com as luzes acesas.
“Eu estava bem assustado, queira ou não é um ser humano, uma alma, que foi colocado ali dentro e veio parar no meu bar. Apesar do medo, eu deixei a urna ali, muitos falaram para eu colocar fora, no mato ou no mar, mas como eu vou ter coragem de jogar em qualquer lugar os possíveis restos mortais de uma pessoa?”, relata.
Bombou o movimento no bar
Passados alguns dias e o susto, Zico já lidava bem com a situação. Ele até se acostumou com a urna e nem fazia mais questão de tirá-la do bar. Como bom católico que é, mantinha um ritual sagrado.
“Todo dia eu acendo uma vela, rezo um Pai Nosso e uma Ave Maria e peço que essa pessoa encontre o caminho da luz. Eu vou seguir aqui, cuidando da urna, parece que ela está até dando sorte”, conta.
“O movimento dobrou por aqui desde que essa história veio à tona. Tem uns que chegam e pedem para ver, tem outros que olham e vão tomar cerveja lá fora do bar, nem ficam aqui dentro, é até engraçado”.
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