02.07 - Uma dívida de R$ 25 mil pode ter sido o motivo para a morte dos corretores de imóveis Deyvid Luiz Leitte, 46 anos e Thiago Adolfo, de 30 anos. Eles foram executados a tiros na tarde de ontem, por volta das 16h30, em uma imobiliária no Centro de Balneário Piçarras.
Segundo a delegada de Polícia Civil, Beatriz Ribas Dias dos Reis, que investiga o caso, o crime teria sido motivado por uma dívida financeira envolvendo a venda de parte da sociedade da imobiliária. O suspeito, Ralf Mank Junior, de 37 anos, que confessou o crime, foi preso em flagrante e alegou legítima defesa.
Conforme a delegada, o suspeito teria vendido parte da sociedade da imobiliária para Deyvid e outra pessoa e Thiago os teria apresentado. A venda da sociedade teria sido negociada em R$ 300 mil, R$ 150 mil para cada comprador. Uma das parcelas, no valor de R$ 25 mil, estaria em atraso, o que teria motivado o encontro e, possivelmente, o conflito que resultou no duplo homicídio.
O suspeito contou que teria cobrado a parcela dos compradores devido à falta de pagamento. Durante a conversa na imobiliária, teria dito que se sentiu coagido e ameaçado e por isso atirou em legítima defesa.
Prisão em flagrante com arma e vestígios de sangue
Após cometer o crime, o suspeito fugiu do local e entrou em contato com um policial militar conhecido. Segundo a delegada, ele relatou ao PM (Polícia Militar) o que havia feito e foi orientado a se entregar.
Em um posto de combustíveis onde teriam combinado, ele foi preso em flagrante. A PM encontrou no carro, um Audi azul, uma pistola calibre 9mm e manchas de sangue em suas roupas. Durante a abordagem, ele confessou o crime e entregou a arma utilizada.
Apesar de possuir registro como CAC (Colecionador, Atirador e Caçador), o suspeito não tinha permissão para portar a arma de forma ostensiva. Ele admitiu à polícia que andava regularmente armado e que utilizou a pistola para efetuar entre oito e nove disparos contra as vítimas.
Versão de legítima defesa é contestada
O suspeito alega ter atirado por se sentir ameaçado. Segundo seu depoimento, acreditou que os corretores poderiam estar armados, pois usavam jaquetas e se aproximaram de forma que considerou hostil. No entanto, a delegada afirma que nenhuma arma foi encontrada com os corretores, o que enfraquece a alegação de legítima defesa.
“A motivação apresentada não se sustenta. Nenhuma das vítimas estava armada”, declarou a delegada. A polícia trabalha com a hipótese de homicídio qualificado por motivo fútil.
Câmeras desligadas e suspeita de premeditação
Outro ponto que levanta suspeitas da polícia é o fato de as câmeras de segurança da imobiliária estarem desligadas no momento do crime.
Segundo a delegada, a empresa afirmou que o sistema de gravação foi removido ou desativado dias antes do duplo homicídio. O DVR (gravador de vídeo) não foi localizado no local.
“Existe, também, a hipótese de crime premeditado. A retirada ou desativação das câmeras não foi feita após o crime, mas sim possivelmente dias antes, o que deverá ser investigado, afirmou a delegada.
Dinâmica do crime e investigação em andamento
De acordo com uma das testemunhas que estava no local, a conversa entre os envolvidos parecia inicialmente amistosa. Porém, terminou de forma trágica.
A Polícia Civil apreendeu os celulares dos corretores, do suspeito e de testemunhas, além de um notebook e anotações que estavam sobre a mesa da sala. O material será analisado para verificar como foi marcado o encontro e se há evidências de premeditação.
“Vamos analisar os dados dos aparelhos e documentos apreendidos para entender toda a dinâmica do crime. Trabalhamos com todas as possibilidades”, destacou Beatriz Dias.
Suspeito tinha antecedentes por violência doméstica
Ainda segundo a delegada, o suspeito possui antecedentes criminais por violência doméstica, ameaça, apropriação indébita, difamação, perturbação da tranquilidade, lesão corporal, invasão de propriedade e dano. Ele deve responder por duplo homicídio qualificado por motivo fútil e sem chance de defesa das vítimas. A delegada já solicitou a prisão preventiva do suspeito, e a decisão aguarda análise do Judiciário.
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